A corrida presidencial de 2026 já começa a esquentar nos bastidores da política brasileira, mesmo com Jair Bolsonaro fora da disputa direta. Inelegível e enfrentando processos no Supremo Tribunal Federal (STF) que podem levá-lo a cumprir pena em regime fechado, o ex-presidente se mantém como figura central da direita e arquiteto de uma das disputas mais estratégicas do cenário nacional. Entre seus aliados, cresce a percepção de que Bolsonaro aposta alto em um nome capaz de manter sua influência: Michelle Bolsonaro.
Michelle Bolsonaro: A Face Emocional e Conservadora da Direita
A ex-primeira-dama tem se consolidado como uma figura política de peso, especialmente entre o eleitorado feminino e evangélico — duas bases fundamentais para o conservadorismo. À frente do PL Mulher, Michelle percorre o Brasil em agendas de forte apelo religioso e social, construindo uma imagem de liderança discreta, porém influente.
Enquanto evita entrevistas e exposição excessiva, Michelle usa as redes sociais para reforçar a narrativa de perseguição política, consolidando sua base de apoio. Esse posicionamento estratégico, avaliam dirigentes do PL, fortalece sua conexão com eleitores que se identificam emocionalmente com a trajetória do ex-presidente. Para muitos aliados, ela é a peça-chave para preservar o bolsonarismo sem as amarras da inelegibilidade.
Tarcísio de Freitas: O Nome Técnico sob Pressão Política
De outro lado, Tarcísio de Freitas surge como um nome competitivo, mas enfrenta dilemas que podem comprometer sua candidatura. Para disputar a presidência, precisaria deixar o governo de São Paulo já em abril de 2026, abrindo mão de um mandato sólido e de um projeto de reeleição.
Além disso, Tarcísio ainda não possui uma militância popular independente de Bolsonaro e enfrenta pressões para migrar do Republicanos para o PL, em uma movimentação que encontra resistências internas. Embora seu perfil técnico agrade setores do Centrão e empresários, a aproximação com essas lideranças gera desconfiança no núcleo bolsonarista, que vê na lealdade um fator decisivo para a sucessão.
O Xadrez Político: Entre Lealdade e Pragmatismo
A escolha entre Michelle e Tarcísio não se limita aos números das pesquisas eleitorais. Para Bolsonaro, trata-se de manter controle sobre a direita e evitar que um aliado se torne líder independente. Enquanto Michelle representa a continuidade do projeto político e do vínculo afetivo com o ex-presidente, Tarcísio simboliza pragmatismo e capacidade técnica — atributos que atraem setores moderados, mas que podem dividir o campo conservador.
Essa disputa expõe um embate maior: o futuro do bolsonarismo sem Bolsonaro na cédula. Nos bastidores, Valdemar Costa Neto, presidente do PL, tenta alinhar as forças partidárias, enquanto nomes do Centrão, como Ciro Nogueira, pressionam por uma candidatura mais ampla.
2026: O Ano em que o Bolsonarismo se Reinventa
O que está em jogo não é apenas a sucessão presidencial, mas a redefinição da direita no Brasil. Michelle Bolsonaro desponta como símbolo de resistência, carregando o legado do marido, enquanto Tarcísio tenta consolidar sua imagem como líder independente.
No centro desse tabuleiro, Jair Bolsonaro atua como estrategista, garantindo que sua influência continue moldando a política nacional. Entre cálculos eleitorais, tensões partidárias e narrativas emocionais, a eleição de 2026 promete ser marcada por uma disputa acirrada pelo comando da direita — e, consequentemente, pelo futuro do Brasil.
